sexta-feira, 15 de maio de 2009

Teorias

Teoria genética:
Esta teoria admite que vários genes podem estar envolvidos, embora não tenham sido completamente esclarecidos os genes implicados e os modos de transmissão, contribuindo juntamente com os factores ambientais para o eclodir da doença. Num dos estudos, os investigadores analisaram o líquido cerebroespinal de esquizofrénicos, apresentando sinais de actividade de retrovirus que normalmente se encontram dormentes no organismo. Estes retrovirus ao contrário do HIV (um retrovirus), inserem-se e fazem parte do genoma humano, embora de uma forma inactiva, há já milhões de anos. Os autores admitem, porém, que este estudo não demonstra que os retrovirus são os causadores da doença, já que a sua activação pode ser causa ou consequência da mesma. Porém, nem todos os pacientes com esquizofrenia tinham esses retrovirus activados, o que indica que este mecanismo pode ser apenas importante em alguns tipos de esquizofrenia. Noutros estudos, descobriram que os esquizofrénicos têm baixa actividade em 5 genes que ajudam a produzir a mielina, uma camada protectora das fibras nervosas, sugerindo que esta doença está relacionada com o desenvolvimento das fibras nervosas na passagem da adolescência para o estado adulto. Neste período dá-se normalmente a formação de mielina, sendo uma teoria consistente. Estudos revelam que a probabilidade de um indivíduo vir a sofrer de esquizofrenia aumenta se houver um caso desta doença na família. Todavia, mesmo com ausência de história familiar a doença pode ocorrer, sendo 91 % os pacientes com esta doença e sem familiares esquizofrénicos. Presentemente, os estudos de genética molecular têm demonstrado apenas regiões cromossómicas sugestivas (cromossomas 6, 13 e 22), mas ainda não foi possível identificar os genes responsáveis pela doença.

Teoria neurológica:
A Teoria neurológica defende que a esquizofrenia é essencialmente causada por alterações bioquímicas e estruturais do cérebro, com uma disfunção dopaminérgica e alterações noutros neurotransmissores, nalgumas zonas cerebrais. Nos esquizofrénicos as anomalias estão no controlo da produção de dopamina nos pontos de contacto entre os neurónios (a fenda sináptica). Dopamina é uma substância que está presente no cérebro e que, com outros neurotransmissores, tem por objectivo transmitir o impulso nervoso de uma célula para outra célula do cérebro. É fundamental para o controlo e execução de cada movimento voluntário. Assim, a actividade dopaminérgica e áreas cerebrais determinadas são responsáveis pelos sintomas mais característicos da esquizofrenia (delírios, alucinações). Se haver hipoacitividade de vias dopaminérgivas desencadeiam-se sintomas negativos e se haver hiperactividade dopaminérgica desencadeiam-se sintomas positivos. Alguns fármacos podem desenvolver alguns sintomas característicos da esquizofrenia, aqueles que aumentam a actividade dopaminérgica. Uma equipa coordenada por Paul Thompson (professor assistente de neurologia) comparou exames das imagens dos cérebros de doentes com os de adolescentes saudáveis (através da imagiologia), a fim de identificar as modificações estruturais que ocorreram ao longo de cinco anos. Os investigadores detectaram alterações cerebrais nos esquizofrénicos, relacionados com o agravamento dos sintomas. Especificamente, segundo a investigação tudo começa com uma pequena perda na região parietal, área associada a funções como pensamento lógico. Seguidamente, verifica-se uma aceleração da perda de tecido neuronal que resulta na propagação da destruição tecidular por todo o cérebro, afectando áreas importantes para funções básicas como o movimento e a audição. Desta forma, este conjunto de acontecimentos reflecte os sintomas que caracterizam a esquizofrenia. No período de tempo de final da adolescência e início da vida adulta é normal haver uma leve perda de tecido cerebral, levantando-se a hipótese de que a esquizofrenia surja neste período, ocorrendo uma aceleração anormal ou uma alteração nesta perda, mas ainda não se sabe o que provoca este problema. Também, relacionado com o factor ambiental e psicológico, determinadas áreas cerebrais podem ser afectadas pelo stress de um trauma psicológico ou de exposição pré-natal a infecções ou desnutrição.

Teoria psicanalítica:
Tem como base a teoria freudiana da psicanálise, onde a ausência de gratificação oral ou da relação inicial entre a mãe e o bebé conduz a personalidades desinteressadas, indiferentes no estabelecimento das relações, podendo estar na origem da esquizofrenia.

Teoria familiar:
Esta teoria não tem muito fundamento científico, baseando-se no tipo de comunicação entre os vários elementos das famílias, onde se dá o conceito de “mães esquizofrénicas”, isto é, mães com comportamento possessivo e dominante com os seus filhos, como factor da origem das personalidades esquizofrénicas.

Teoria dos factores ambientais/sociais:
Os períodos de depressão, stress, pânicos, vulnerabilidade, ambientes desfavoráveis e alterações comportamentais contínuos ou conflitos podem desencadear ou agravar a esquizofrenia, uma vez que muitas pessoas foram “testemunhas” disso. Exposição pré-natal a viroses apresentam risco mais elevado para esquizofrenia. Também as complicações de gravidez e parto, como por exemplo o baixo peso ao nascer, prematuridade, trabalho de parto prolongado, pré-eclâmpsia (intoxicação durante a gravidez, caracterizada pelo aumento da pressão arterial), ruptura prematura de membranas e complicações pelo cordão umbilical são promotoras desta doença. A privação nutricional durante a gestação tem efeito duas vezes maior sobre a ocorrência de esquizofrenia.

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